Miguel Prado, jornalista
Numa semana marcada pelos impressionantes e trágicos avanços dos incêndios em Portugal, será difícil não nos inquietarmos com os dramas dos que perdem o que têm, de quem vê o inferno à porta de casa, impotente para travar uma força bruta que vai e vem, nuns anos mais do que noutros, enchendo o espaço mediático e as redes sociais de indignação. É o ordenamento do território. A falta de prevenção. A ausência de meios. É até, citando o primeiro-ministro, um conjunto de “interesses que sobrevoam”. Não escasseiam dedos apontados quando o fogo queima. E o que tem tudo isto que ver com energia?
Aproveitando um tema da prolífica criação de Sérgio Godinho, “isto anda tudo ligado”. Há dias, num artigo aqui no Expresso, Henrique Raposo questionava-se sobre “onde estão as centrais de biomassa”, atacando a “loucura socrática” e interrogando-se sobre “porque é que se apostou nas eólicas em detrimento das centrais de biomassa”. Citava também um outro artigo, no qual Manuel Pitrez de Barros, diretor-geral da CBN – Centrais de Biomassa do Norte, defendia um “círculo virtuoso” da aposta na biomassa e lamentava o bloqueio na construção de novas centrais, depois de o concurso lançado no final do ano passado para uma capacidade de 60 megawatts (MW) ter recebido nove candidaturas. Leia aqui.