Opinião de Henrique Raposo
Porque é que a central de biomassa não é uma marca esmagadora do nosso dia-a-dia e da nossa paisagem, até da nossa identidade ou autoimagem? Andamos pelo país e vemos as tais eólicas por todo o lado, mas não vemos ou vemos muito pouco as centrais de biomassa, que são uma óbvia resposta ao problema dos incêndios. Porquê? Acham que só fica bem gastar dinheiros nos bombeiros e nos tais meios aéreos de combate? Porque aquilo que aparece na tv é só o que está a jusante (carros vermelhos de bombeiros e aviões) e não o que está a montante, as políticas de prevenção feitas no dia-a-dia?
Não por acaso, há duas semanas, o Expresso publicou um artigo de Manuel Pitrez Barros, diretor das centrais de biomassa do norte, que agora faz ainda mais sentido. Pitrez Barros diz que os concursos lançados pelo governo Costa para a construção de mais centrais de biomassa estão paradíssimos. Para sermos exatos, 9 centrais foram propostas por privados e por câmaras municipais, mas as licenças ainda não foram atribuídas. Eis, portanto, um retrato do fracasso da governação central que em Lisboa governa para os jornalistas da corte e não para a realidade: um governo abriu um concurso há quase dois anos para novas centrais de biomassa; na narrativa mediática, isso marcou pontos, mas, na realidade, os nove projetos lançados por privados e câmaras ainda nem sequer têm nas mãos as licenças. Papéis e intenções. É o que há: papéis e intenções. Leia aqui.